“Sheik” usava baú de ouro para atrair clientes em suposto golpe com criptomoedasRoubos de criptomoedas já causaram rombo de quase R$ 10 bilhões só em 2022
Segundo a PF, a prisão preventiva foi decretada após Francisley descumprir medidas cautelares, como a determinação de que ele não poderia continuar administrando as empresas ou fazer gestão envolvendo interesses do grupo econômico dele. Os policiais ainda cumpriram dois mandados de busca e apreensão. O “Sheik” é suspeito de cometer crimes ao comandar um esquema de pirâmide financeira disfarçado de aluguel de criptomoeda desde 2016. Dentre as vítimas, estão figuras famosas, como Sasha Meneghel e Wesley Safadão, além de jogadores de futebol que não tiveram seus nomes revelados. A defesa informou que “apresentará manifestação oportunamente”. A PF já havia pedido a prisão preventiva de Francisley anteriormente, mas os dois pedidos foram negados pela Justiça Federal. Segundo a polícia, dias após a deflagração da operação, o golpista continuou recebendo os funcionários das empresas investigadas em sua casa. Dentre eles estavam a gerente financeira do grupo e o designer gráfico das plataformas virtuais — criadas para a prática das fraudes — demonstrando que sua organização continuava ativa.
O ‘Sheik’ impressionava suas vítimas com baú de ouro
Para convencer as vítimas, Francisley afirmava que suas empresas possuíam experiência no mercado de criptomoedas. Ele também costumava exibir dois baús de ouro — ou algo que parecesse com isso. No entanto, a operação da PF, chamada de Poyais, descobriu que o dinheiro arrecadado era gasto pelo falso Sheik. Segundo a polícia, a filha da apresentadora Xuxa, Sasha Meneghel, teve um prejuízo de R$ 1,2 milhão. Já o cantor Wesley Safadão está disputando na Justiça contra as vítimas do golpista pela posse de uma aeronave de R$ 37 milhões. O artista alega ser vítima e ter recebido a aeronave como garantia de pagamento pelo investimento nas empresas fraudulentas de Francisley.
Quem é o “Sheik dos Bitcoins”?
Francisley se apresentava como Francis Silva e se estabeleceu em Curitiba, onde abriu uma empresa do ramo de tecnologia. Segundo a PF, o suspeito possui mais de cem empresas abertas no Brasil. Com o dinheiro dos investidores, ele comprava artigos de alto valor como imóveis, carros de luxo, embarcações, aviões, joias, roupas de grife e ainda fazia doações a igrejas. A investigação aponta que o esquema ficou insustentável no fim de 2021, quando Francis não conseguiu mais pagar aos clientes. Ele passou a ser investigado em março deste ano, depois de um pedido de cooperação internacional feito pela Interpol sobre uma organização criminosa liderada pelo brasileiro. Até mesmo membros da família de Francisley estavam envolvidos nas fraudes, atuando como funcionários das empresas. Na última semana, a Justiça decretou falência de uma das empresas do “Sheik”, a Rental Coin. Segundo a juíza Luciane Pereira Ramos, da 2ª Vara de Falências e de Recuperação Judicial de Curitiba, a medida “tinha efeito saneador ao retirar do mercado empresa através da qual teriam sido cometidas irregularidades que lesionaram número expressivo de credores”. Na ação, a magistrada nomeou um administrador judicial para ser o responsável por buscar os bens que conseguir identificar e elaborar uma lista de credores. Em sequência, os bens serão vendidos e o lucro deve ser partilhado entre os credores.