A nova onda de covid-19 no Brasil e o que sabemos até agoraQuando e onde o risco de pegar covid é maior?
Em artigo recente para a plataforma The Conversation, a dupla de cientistas Stephen Griffin, virologista e professor da Universidade de Leeds, e Simon Nicholas, especialista em saúde pública e professor da Universidade de Swansea, desvendam alguns grandes mitos sobre a covid-19.
Mito 1: vírus provoca apenas formas leves da covid-19
Com o surgimento da variante Ômicron e de suas descendentes, a impressão é que o vírus provoca apenas casos leves da covid-19. No entanto, isso não é necessariamente verdade, já que não é possível desconsiderar que grande parte da população mundial está vacinada com pelo menos duas doses — no Brasil, o índice é de 80,1%. Somando as vacinas e os casos de infecção anterior pelo vírus, a maior parte do mundo tem alguma proteção contra o coronavírus. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 90% da população mundial possui atualmente algum nível de imunidade à covid-19. Neste cenário, a dupla de cientistas reforça que “os resultados das doenças dependem criticamente da imunidade”, inclusive na atual pandemia. “O SARS-CoV-2 não é inerentemente leve ou está necessariamente se tornando mais leve”, acrescentam. Mesmo com esse nível geral de proteção, o vírus ainda pode ser uma ameaça e doses complementares das vacinas são necessárias.
Mito 2: idosos e imunossuprimidos são os únicos que correm risco com a covid-19
Outro mito é que apenas idosos ou pessoas imunossuprimidas podem desenvolver formas graves da covid-19 agora. Cada organismo é único, e não é possível prever como indivíduos vão reagir a esta doença. Além disso, para os mais jovens, “mesmo uma infecção leve pode provocar casos de covid longa”, alertam. No Reino Unido, a condição afeta até um em cada cinco adultos de 18 a 64 anos.
Mito 3: crianças não são afetadas pela covid-19
As crianças ainda estão bastante vulneráveis à covid-19, à covid longa e outras complicações, como óbitos. Por outro lado, em todo o mundo, as taxas de imunização para esse grupo estão baixas. No Brasil, as vacinas contra a covid-19 estão liberadas apenas para crianças de 6 meses a 2 anos com comorbidades e crianças com mais de 3 anos (independente dos fatores de saúde). Só que, do começo do ano até o mês de novembro, mais de 477 mortes foram confirmadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associado à covid em bebês e crianças de até 5 anos no Brasil. Neste mesmo período, a influenza (gripe) provocou apenas 32 óbitos.
Mito 4: usar álcool em gel é o suficiente para evitar a covid-19
No começo da pandemia, o álcool em gel e a higienização das mãos eram consideradas as duas principais medidas de proteção contra a covid-19. Apesar de ainda serem importantes, a ciência descobriu que a principal forma de transmissão do vírus não ocorre através do contato com superfícies contaminadas. Segundo a dupla de cientistas, “o SARS-CoV-2 se espalha por meio de minúsculas partículas de umidade suspensas no ar, chamadas de aerossóis”. Dessa forma, ventilação adequada dos espaços — como manter janelas abertas — e máscaras são essenciais para reduzir a transmissão.
Mito 5: máscaras de proteção não funcionam
As máscaras aina são alvos de críticas durante a pandemia da covid-19, mesmo que sejam uma estratégia simples e barata para evitar a transmissão da covid-19. Entre as possíveis explicações, estão três principais fatores:
A máscara é uma estratégia mais eficiente quando todos estão usando o equipamento de proteção — quando você é o único a usar, é melhor optar por uma PFF2 ou N95; O item de proteção precisa estar bem ajustado ao rosto e, quando umedecer, é preciso trocá-lo;As pessoas simplesmente se negam a acreditar nas máscaras por considerarem um item desconfortável.
“Usadas adequadamente, as máscaras do tipo PFF2 e PFF3 filtram 95% e 99% das partículas, respectivamente, até o tamanho de aerossóis. Desta forma, eles protegem tanto o usuário quanto os outros” da covid-19, afirmam os cientistas.
Mito 6: vacinas não são mais eficazes
No momento, as vacinas da primeira geração construídas a partir da cepa original do coronavírus — ainda são eficazes na prevenção de formas graves e mortes. Além disso, protegem contra a covid longa. No entanto, precisam ser periodicamente atualizadas, através de doses de reforço, como recomendam os especialistas de saúde. Hoje, a quinta dose da vacina já está disponível para algumas pessoas no Brasil, por exemplo. Para aperfeiçoar a resposta imune contra a Ômicron e seus descendentes, como a BA.4 e BA.5, as farmacêuticas Moderna e Pfizer também desenvolveram as primeiras fórmulas bivalentes. Isso significa que protegem contra dois tipos de cepas do vírus, em um esquema semelhante à vacina da gripe. Em breve, estas doses devem chegar aos brasileiros e, com isso, irão aumentar as defesas contra o vírus. Fonte: The Conversation